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Autoestima baixa e ansiedade: por que a saúde mental dos jovens preocupa?

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A saúde mental dos jovens brasileiros está em crise. Segundo o Panorama da Saúde Mental, estudo do Instituto Cactus em parceria com a AtlasIntel, os brasileiros entre 16 e 24 anos são os mais afetados por problemas psicológicos, resultando em baixa autoestima, isolamento social e conflitos familiares.

Os dados revelam que o iCASM (Índice Cactus-Atlas de Saúde Mental) desse grupo é de apenas 534 pontos, bem abaixo da média nacional de 635. O levantamento foi feito online e contou com 2.248 participantes, sendo 18,7% deles jovens, aproximadamente 400 pessoas. Apesar da limitação geográfica da amostra — com 44% dos respondentes vindos da região Sudeste —, os números evidenciam uma realidade preocupante.

O que está acontecendo com a saúde mental dos jovens?

A adolescência é um período de transformações sociais, construção de identidade e descobertas. Mas também é uma fase de pressão e comparação, principalmente no mundo digital. Redes sociais amplificam a sensação de insuficiência, levando muitos a acreditarem que estão ficando para trás.

O estudo mostrou que 78% dos jovens se sentiram feios ou pouco atraentes pelo menos uma vez nas duas semanas anteriores à pesquisa. Desses, 73% também relataram se sentir pouco inteligentes, e 45% afirmaram que não saíram com amigos no período. Além disso, 80% demonstraram baixo interesse e prazer nas atividades diárias, enquanto 90% relataram cansaço e falta de energia. Outro dado alarmante é que 70% brigaram com familiares recentemente.

Os jovens também procuram mais ajuda psicológica que outras faixas etárias: 7,6% fazem terapia, comparado a 5,1% dos demais grupos. No entanto, usam menos medicamentos de uso contínuo (9,4% contra 16,6%), o que pode indicar um baixo acesso a tratamentos adequados.

O impacto das redes sociais na autoestima

A influência das redes sociais é um dos fatores que mais pesam na saúde mental dos jovens. A comparação constante com vidas aparentemente perfeitas pode gerar um sentimento de frustração. Rafaella Rosado, 24 anos, relata como isso afetou sua autoestima ao longo dos anos. “A escola foi o primeiro lugar onde me comparei com os outros, mas as redes sociais intensificaram essa sensação. Vemos pessoas viajando, em carreiras bem-sucedidas, enquanto nos sentimos estagnados. Isso gera uma sensação de insuficiência.”

A pressão para o sucesso também é um peso enorme. Rafaella, que recentemente perdeu o emprego, conta que conversou com uma amiga na mesma situação. “Ela disse: ‘Precisamos fazer carreira agora’. Parece que, se não conseguirmos sucesso imeditato, vamos fracassar para sempre.”

O que está por trás do aumento dos problemas psicológicos?

O estudo não investigou as causas específicas da piora da saúde mental dos jovens brasileiros, mas especialistas apontam algumas hipóteses. Na Europa, pesquisas mostram que, desde 2012, a depressão e a solidão entre jovens estão aumentando. Isso pode estar relacionado a fatores como ambiente digital, polarização social e intolerância em questões de gênero, sexualidade e raça.

Na América Latina, estimativas do Unicef indicam que cerca de 16 milhões de jovens entre 10 e 19 anos sofrem com transtornos mentais, o que equivale a 15% dessa população.

Como melhorar a saúde mental dos jovens?

Para enfrentar essa crise, é essencial investir em educação emocional desde cedo, ampliando o acesso à psicoterapia e incentivando conversas abertas sobre saúde mental. O suporte da família e a busca por atividades que promovam conexões reais também são fundamentais.

Além disso, é importante questionar padrões irreais impostos pelas redes sociais e desenvolver uma relação mais saudável com a tecnologia. O futuro da saúde mental dos jovens depende de a sociedade reconhecer essa crise e tomar medidas efetivas para combatê-la.

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